O come�o

Mais conhecida mundialmente ap�s os ataques de 11 de setembro de 2001, a rede terrorista internacional criada por Osama bin Laden no final dos anos 1980 orienta sua a��o em tentar barrar a influ�ncia ocidental em pa�ses mu�ulmanos e em substituir seus governos por regimes fundamentalistas.

(Veja no v�deo ao lado: Agente da al-Qaeda causa uma das maiores derrotas para a CIA)

Estudiosos, no entanto, tendem a discordar da percep��o comum no Ocidente de que a al-Qaeda seja uma organiza��o terrorista poderosa, composta por milhares de homens treinados e presentes em todos os continentes prontos para cumprir as ordens de seu l�der. �Em vez disso, essa amea�a � nova e diferente, complexa e diversificada, din�mica e multiforme e extremamente dif�cil de ser definida�, diz o jornalista norte-americano Jason Burke no livro �al-Qaeda � A verdadeira hist�ria do radicalismo isl�mico� (Ed. Zahar).

O pr�prio nome �al-Qaeda� � controverso. Segundo Burke, a palavra que em �rabe pode definir desde uma base ou um lar at� um alicerce ou pedestal, j� era usada em meados dos anos 80 entre radicais isl�micos vindos de todos os cantos para defender o Afeganist�o da invas�o sovi�tica, deflagrada em 1979.

Mentor espiritual de Bin Laden, Abdallah Azzam tamb�m usava a palavra para se referir ao papel desempenhado pelos volut�rios n�o-afeg�os atra�dos de outros pa�ses para lutar mesmo depois do fim da guerra contra os sovi�ticos, conforme o autor. �Bin Laden e um grupo de companheiros aceitaram a sugest�o e, provavelmente em agosto de 1988, criaram, na cidade de Peshawar, na parte ocidental do Paquist�o, um grupo militante�, escreve.

Bin Laden deixou o Paquist�o em 1989 e voltou para sua terra natal, a Ar�bia Saudita, onde, em 1990, ofereceu um ex�rcito de militantes isl�micos para proteger o pa�s de Saddam Hussein, que invadira o vizinho Kuwait. A ajuda foi recusada e ele deixou o pa�s em 1991, rumo ao Sud�o, onde ficou at� 1996, quando se fixou no Afeganist�o.

� neste per�odo, de acordo com Burton, at� 2001, que come�ou a funcionar algo parecido com a al-Qaeda, da forma como � concebida hoje. �No entanto, mesmo em sua fase mais organizada, no final de 2001, n�o podemos ver a al-Qaeda como uma organiza��o terrorista coesa e estruturada, com c�lulas por toda parte, ou imaginar que tivesse absorvido todos os outros grupos em suas redes�, adverte o autor.

Conviv�ncia com o Talib�

De volta ao pa�s que havia ajudado a defender da invas�o sovi�tica, Bin Laden n�o tardou a se aproximar de outro grupo militante que envolvia aprendizes do Isl� sunita que pegavam em armas: o Talib�. Com financiamento paquistan�s, o grupo havia tomado a capital, Cabul, em 1996 e implantado um governo isl�mico radical no pa�s.

Um homem que disse ser membro da al-Qaeda discursa na prov�ncia de Abyan, no I�men, em dezembro de 2009 (Foto: AFP)

A princ�pio um opositor do Talib�, Bin Laden mudou de lado ap�s um encontro com um de seus l�deres, Mullah Mohammed Omar. Com o apoio de Omar, sua al-Qaeda estava segura para agir no Afeganist�o.

�O Talib� teve inigual�vel sucesso, pois implementou uma teocracia austera e puritana �s quais desejavam a al-Qaeda e outro grupos jihadistas. Apesar de s� ser reconhecido por tr�s pa�ses (Paquist�o, Emirados �rabes Unidos e Ar�bia Saudita), o minicalifado sob as ordens de Mullah Omar reinou � vontade para realizar seus experimentos entre 1996 e 2001�, escreveu Abdel Bari Atwan no livro "Historia secreta da al-Qaeda" (Ed. Larousse).

As torres g�meas do World Trade Center, em Nova York, atingidas por dois avi�es no atentado suicida de 11 de setembro de 2001 (Foto: Peter C. Brandt/Getty Images/AFP)

11 de Setembro

A partir da manh� de 11 de setembro de 2001, quando 19 membros do grupo tomaram quatro avi�es de carreira nos Estados Unidos e jogaram contra as torres do World Trade Center e do Pent�gono, no maior atentado do tipo na hist�ria do pa�s, era imposs�vel n�o identificar mais a al-Qaeda.

Os Estados Unidos invadiram o Afeganist�o para tentar destruir as bases da organiza��o e depor o Talib�, cujo regime fundamentalista isl�mico abrigara Bin Laden e seus seguidores. As principais lideran�as da al-Qaeda, ent�o, fugiram para o Paquist�o, instalando-se em �reas tribais na fronteira com o Afeganist�o pouco controladas pelo governo.

Alguns analistas acreditam que o grupo de Bin Laden continua a treinar militantes terroristas em �reas tribais paquistanesas e que seria respons�vel por introduzir a pr�tica dos atentados suicidas com bombas entre membros do Talib� no Paquist�o e no Afeganist�o.

Entre os diversos ataques atribu�dos ao grupo, al�m da recente tentativa de explos�o no voo entre Amsterd� e Detroit, est�o o que matou 191 pessoas no metr� de Madri, em mar�o de 2004, o que atingiu o sistema de transporte p�blico de Londres (�nibus e metr�s) em julho de 2005 e o atentado suicida que matou a ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Buttho.

Atua��o

Por sua organiza��o descentralizada, � imposs�vel precisar quantos membros comp�em hoje a al-Qaeda. Os Estados Unidos estimam em centenas ou at� milhares de militantes espalhados por diversos pa�ses, com uma concentra��o de lideran�as no Paquist�o.

Relat�rio do Departamento de Estado dos EUA de 2008 afirma que a rede terrorista incorpora membros de outros grupos no Oriente M�dio, sul da �sia, �frica, Europa e �sia central �que continuam a planejar ataques contra os Estados Unidos e outras na��es ocidentais�.

A julgar pela �ltima tentativa de atentado que assustou os EUA, assumido por um bra�o armado da al-Qaeda da Pen�nsula Ar�bica no I�men, a localiza��o do grupo terrorista parece ainda permanecer uma inc�gnita.