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O que é 'Comércio Justo'?


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Uma prática econômica que já movimenta mais de R$ 3 bilhões no mundo começa aos poucos a influenciar positivamente a renda de agricultores e artesãos do interior do país. É o movimento do comércio justo, capitaneado pelo Sebrae e por organizações não-governamentais, que prega a ética nas relações entre produtor e vendedor, com respeito ao meio ambiente, à sociedade e ao consumidor.

Hoje, segundo dados da ONG internacional FLO, que atua na área, 8,5 mil famílias brasileiras estão envolvidas na cadeia produtiva do comércio justo. Segundo Raissa Rossiter, gerente de acesso a mercados do Sebrae Nacional, uma certificação nacional para o segmento está sendo elaborada pela entidade e pela Secretaria Nacional de Economia Solidária, do Ministério do Trabalho e Emprego. Com isso, ela diz que o acesso de novos agricultores e artesãos ao segmento será facilitado.

Por definição, o comércio justo tem a meta de garantir que todos os elos da cadeia produtiva sejam remunerados adequadamente por sua contribuição na confecção de um determinado produto. Assim, é comum que as mercadorias com o selo de comércio justo - ou fair trade, na definição em inglês - paguem a seus fornecedores de matéria-prima um 'prêmio' pela produção que respeita as leis ambientais e trabalhistas.

Agricultores do interior de Goiorê, no interior do Paraná, investiram na produção orgânica de algodão e hoje fornecem para a marca de roupas infantis Pistache & Banana, do interior de São Paulo. Criada por Juliana Páffaro, 30 anos, que fez mestrado em design na Inglaterra e lá foi apresentada ao conceito de comércio justo, a empresa tem um ano de vida e distribuiu 20 mil peças no Brasil e no exterior em sua última coleção.

Dentro do conceito de comércio justo, a empresária paga um prêmio de 50% aos produtores de algodão - segundo Juliana, o percentual inclui tanto o pagamento pela produção sem agrotóxicos (que é mais cara) quanto o bônus que as empresas de comércio justo devem pagar sobre os preços de mercado a seus fornecedores. A empresária afirma que a empresa já chamou a atenção de empresários dos EUA e da África do Sul, que pretendem abrir franquias da marca.

Juliana conta que, para 2008, está planejando a abertura das primeiras lojas da Pistache & Banana e também a elevação do número de peças por coleção para 30 mil. Além dar mais oportunidades para os agricultores, o aumento da produção também vai beneficiar a cooperativa de costureiras que fabrica as peças da empresa, que fica em Santa Bárbara do Oeste (interior de SP).

Solidárias

Divulgação
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Bonequinhas solidárias: feitas à mão e exportadas para a Holanda (Foto: Divulgação)

No agreste de Pernambuco, a iniciativa de uma costureira acabou por gerar emprego e renda para 300 mulheres do município de Gravatá. Organizadas pela ONG Visão Mundial, que criou uma empresa para comercializar produtos de comércio justo - chamada Ética -, as mulheres hoje exportam as 'bonequinhas solidárias', feitas à mão a partir de retalhos de pano.

As bonequinhas, que têm 1,5 centímetro, custam R$ 2,50 no mercado interno e são fabricadas em diversos modelos. Em 2007, um projeto-piloto vendeu as bonequinhas nas lojas de O Boticário em São Paulo e no Rio de Janeiro - o projeto, no ano que vem, pode ser estendido a lojas de todo o Brasil. Além disso, cerca de 20 mil bonequinhas foram vendidas para a Holanda nos últimos três meses.

Segundo a empresa Ética, hoje as bonequinhas solidárias garantem uma renda mensal de R$ 220 às mulheres envolvidas no projeto. Organizadas em uma cooperativa, elas são responsáveis por desenvolver novos modelos e por treinar as novas costureiras do grupo. A expectativa da Ética é que a renda dessas mulheres seja elevada para um salário mínimo dentro de seis meses.

De acordo com o Sebrae, a renda de um grupo de agricultores do interior do Amazonas foi multiplicado por 30 depois da certificação de comércio justo. 'Produtores de açaí da cidade de Codajás ganhavam R$ 3 por saca. Com a mudança para a produção justa, hoje eles vendem a saca por R$ 90, vendendo o produto tanto para uso na merenda das escolas do estado quanto para o mercado norte-americano', explica Raissa Rossiter, do Sebrae.

Pesquisas

Segundo o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, que acompanha a evolução do comércio justo no país, há pesquisas que mostram a disposição do brasileiro em adquirir produtos com diferencial relacionado ao meio ambiente. Um levantamento do Akatu mostrou que 37% dos consumidores brasileiros estariam dispostos a pagar mais por uma mercadoria ecologicamente correta.

Além disso, ressalta Aron Belinky, consultor de pesquisas do instituto, 64% dos entrevistados disseram ter comprado um produto orgânico nos últimos seis meses. 'Ainda é pouco, mas é um indicador que o comércio justo pode crescer rapidamente no país', ressalta.

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Fonte: http://g1.globo.com

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