Codependência: Dirtúrbio que afeta 25% das mulheres

Uma pessoa muito respons�vel, afetuosa, que resolve todos os problemas do outro e evita conflitos. Por tr�s desses adjetivos pode estar um transtorno conhecido como codepend�ncia, que teve seu conceito ampliado pela psic�loga mexicana Gloria Noriega Gayol.

Ela apresentou seu estudo � que lhe rendeu o pr�mio Eric Berne, em 2008, concedido pela International Transactional Analysis Association � durante o Congresso Brasileiro de An�lise Transacional (Conbrat), no Rio.

Sua pesquisa com 830 mulheres em um centro de sa�de no M�xico revelou que a codepend�ncia � que antes estava ligada a pessoas que conviviam com alco�licos e dependentes de drogas � tamb�m se apresenta quando h� situa��es de estresse familiar ou social, como abandono, viol�ncia dom�stica e perdas na inf�ncia, seja por morte ou separa��o dos pais ou de outro membro da fam�lia.

�A pessoa codependente � muito respons�vel, trabalhadora, que tem empatia, que gosta de ajudar os outros e resolve os problemas dos outros. Contudo, seu problema � que n�o v� seus pr�prios problemas, n�o atende suas pr�prias necessidades. Vive a vida atendendo as necessidades dos demais, mas n�o v� suas pr�prias necessidades�, explica Gloria.

�Ent�o muitas vezes acaba fatigada, cansada, assoberbada, doente. Porque faz demais, enquanto a pessoa dependente faz de menos. A pessoa codependente pode ser muito carinhosa, muito afetuosa, mas n�o recebe o afeto que merece�.

A psic�loga, que � diretora do Instituto Mexicano de An�lise Transacional, explica que s�o pessoas que n�o dependem de subst�ncias e sim de outras pessoas dependentes, absorvendo seus problemas. Esse dist�rbio � mais comum nas rela��es de casal e afeta 25% das mulheres. Para se ter uma ideia, durante um de seus cursos no Rio, 50% das mulheres presentes se identificaram com o transtorno ao responder um teste que Gloria aplica para conhecer experi�ncias que podem indicar sintomas de codependencia (veja o teste abaixo).

Segundo a psic�loga Danielle Tavares, que presidiu o congresso realizado em Botafogo, Zona Sul do Rio, o problema � mais comum no p�blico feminino porque esse comportamento nas mulheres � valorizado em nossa sociedade.

�Os codependentes normalmente s�o pessoas doces, respons�veis, que se importam com o outro. Querem amenizar situa��es, manejar os conflitos, e isso � um tipo de coisa que acontece primordialmente com as mulheres. Por que? Porque esse tipo de comportamento, dentro da nossa cultura, � valorizado. Ent�o a mulher tem uma maior predisposi��o em assumir um comportamento codependente�, explica Danielle.

Em geral s�o pessoas que tiveram que apressar seu crescimento e dar conta de tarefas que n�o eram pr�prias da sua idade. Com isso, come�am a ter responsabilidades muito cedo e se acostumam a resolver problemas, fazendo muitas coisas ao mesmo tempo.

�Dependentes s�o aqueles que n�o fazem a sua parte na rela��o. Os codependentes fazem a sua parte mais a parte do outro�, conta Danielle.