Em 30/05/09 um teste nuclear feito pela Coreia do Norte voltou a levantar temores sobre o possvel uso destrutivo da tecnologia atmica, que poderia levar a uma guerra mundial de grandes propores. A ameaa do lder norte-coreano Kim Jong-il, no entanto, no nova. Nem a dele e nem a de outras naes nucleares como Ir, ndia, Paquisto e EUA.
Depois que o mundo se deparou com a realidade dos efeitos atmicos nas cidades japonesas de Hiroshima e de Nagasaki, no fim da Segunda Guerra Mundial, as naes passaram a ter um elemento a mais para jogar na balana de poder: quem tem a bomba ganha de quem no tem. Apenas duas dcadas aps 1945, Inglaterra, Unio Sovitica, China e Frana j tinham seus programas nucleares. A partir da, Israel, ndia, Paquisto e Coreia do Norte tambm investiram na tecnologia.
"As armas nucleares remodelaram a poltica internacional e nosso entendimento de guerra. A posse da bomba se tornou um smbolo instantneo de 'grande poder'", explica o especialista em relaes internacionais e professor da American University Peter Howard, em entrevista ao G1.
"Os Estados adquirem armas nucleares por duas razes: status e segurana. Naes nucleares so grandes potncias e devem ser tratadas com um certo respeito e diferena. Dois exemplos atuais disso so o Ir e a Coreia do Norte. Ambos querem ser levados a srio e procuram a capacidade de deter uma potencial ao militar de foras externas - leia-se EUA. A proteo nuclear tambm pode ser usada como provocao."
O auge do perigo Apesar de hoje isso ser visvel nas constantes ameaas da Coreia do Norte e do Ir, o perodo da histria que mais viu essa ameaa de perto foi a Guerra Fria. Nesse perodo de constantes ameaas, as hostilidades entre os EUA e a ex-Unio Sovitica (URSS) se baseavam na questo atmica. Segundo o Boletim dos Cientistas Atmicos (publicao criada em 1945 por um grupo de pesquisadores), na metade dos anos 1960, o arsenal americano era de 30 mil ogivas, e em 1980 a URSS tinha cerca de 40 mil. Como comparao, hoje, EUA e Rssia tm aproximadamente mil artefatos nucleares prontos para serem lanados.
O mais perto que o mundo esteve de uma guerra nuclear foi provavelmente durante a Crise dos Msseis, em 1962, quando os EUA e a URSS acabaram conseguindo contornar a situao criada pelos artefatos em Cuba. "Os americanos tinham a invaso de Cuba como uma opo sria, e os soviticos estavam armados com ogivas nucleares na ilha, autorizados a us-las", afirmou Howard.
O professor de cincia poltica da Universidade de Indiana e autor de "Nuclear Proliferation in South Asia: Crisis Behaviour and the Bomb", Sumit Ganguly, concorda com a ideia do auge da Crise dos Msseis. "Acredito que o perigo do uso nuclear muito menor hoje do que nessa poca da Guerra Fria."
Ameaa constante Com a queda do muro de Berlim e o fim da Unio Sovitica, a problemtica nuclear se dissolveu, passando a afetar regies especficas, como a ndia, o Paquisto e as Coreias. "A briga constante entre essas duas naes nucleares pela fronteiria Caxemira levantou ameaas de uma guerra nuclear. O conflito de Kargil, em 1999, foi particularmente tenso, com dvidas a respeito de quo perto o Paquisto esteve de usar seus artefatos nucleares."
Com o passar dos anos, o know-how nuclear e os materiais necessrios para o uso da bomba viajaram por diversos pases. Hoje, segundo especialistas, h ainda a ameaa de que terroristas consigam produzir armas atmicas. Segundo o Boletim dos Cientistas Atmicos, o urnio enriquecido (um dos materiais para a bomba) pode ser encontrado em mais de 40 pases ainda sem poder nuclear.
A Agncia Nacional de Energia Atmica estima que de 20 a 30 pases tm capacidade ou inteno de produzir armas atmicas, enquanto as principais potncias nucleares continuam modernizando seus arsenais.
Minutos para o apocalipse Em 1947, dois anos aps as bombas de Hiroshima e Nagasaki, um grupo de cientistas fundou nos EUA uma revista sobre o tema nuclear. Junto com a publicao, eles criaram um relgio simblico que media os "minutos" que faltariam para uma possvel guerra nuclear de propores gigantescas no mundo. A meia-noite seria o fim dos tempos, segundo o Boletim dos Cientistas Atmicos. "O relgio simboliza a urgncia do perigo nuclear que os fundadores da revista esto tentando alertar para o pblico e para os lderes mundiais", afirma o site do grupo (em ingls).
Desde o comeo do relgio, periodicamente os pesquisadores alteram seus ponteiros, para mais ou menos perto da meia-noite. Hoje ele marca 23h55. O mais perto que ele esteve do apocalipse foram dois minutos a menos, em 1953 , quando os EUA decidiram seguir com seu projeto da bomba de hidrognio e a Unio Sovitica testou mais artefatos atmicos. Acompanhe abaixo os principais lances do relgio:
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Atividade: | 4443 - Relógio do Apocalipse |
Descrição: | Desde 1947, relógio criado por cientistas 'conta minutos' para o apocalipse. Ameaça nuclear redefiniu as relações internacionais após a Segunda Guerra Possuir a tecnologia atômica passou a ser elemento de ameaça. |
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Fonte: | http://g1.globo.com |