A resposta pode parecer óbvia: "não, um animal que vive na água não pode morrer afogado". Mas não é bem assim que acontece. A veterinária responsável pelo Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (CRAM Reviva), Andrea Maranhos, explica que em alguns vertebrados marinhos, como as tartarugas, focas, lobos, baleias e golfinhos, a respiração é pulmonar, diferentemente do sistema de respiração imersa dos peixes. Logo, tais animais "precisam subir até a superfície para pegar o ar atmosférico regularmente. Se eles não conseguem fazer isso por algum motivo, podem morrer afogados", diz Andrea.
Segundo ela, entre as causas de afogamento está a captura acidental por pescadores, que pode fazer com que o golfinho fique enroscado na rede de pesca. Além de alguma doença que pode impedir que o animal suba para respirar.
Em julho deste ano, o golfinho fêmea conhecido como Sininho morreu afogado por ter ficado preso em redes de pesca e anzóis abandonados na Praia dos Sinos, em Ilhabela. Mesmo após passar por tratamento de reabilitação no CRAM Reviva, em Guarujá, o animal não resistiu ao afogamento. De acordo com Andrea, o caso mobilizou diversos especialistas que disponibilizaram tempo e equipamentos para auxiliar no tratamento do golfinho.
"Sininho teve toda a assistência de nossa equipe e a ajuda necessária de outros veterinários em exames e equipamentos para sua reabilitação, mas infelizmente o afogamento em golfinhos é tão crítico como em humanos e ela não resistiu", lamentou.
Ainda de acordo com a veterinária, o grau de afogamento nos animais marinhos de respiração pulmonar, assim como nos humanos, varia de acordo com o tempo e com a quantidade de água aspirada. "Quando em níveis elevados podem resultar na destruição dos alvéolos pulmonares, estruturas microscópicas responsáveis pelas trocas de gases (oxigênio e CO2) dentro do pulmão", completa Andrea.