O rio Tietê em dias de calor, uma fábrica de sabão, as proximidades de um curtume, uma fralda suja, um colega que não toma banho nunca. Alguns cheiros, de tão desagradáveis, podem causar náuseas, mal-estar e brigas, mas, decididamente, não fazem mal à saúde.
"Cheiro ruim não mata", afirma o professor do curso de Medicina do campus de Canoas da Universidade Luterana do Brasil Eduardo Bartholomay. O médico lembra que, inclusive, há gases muito associados ao mau cheiro que dificilmente podem matar por intoxicação. Um deles é o metano, conhecido por compor até 25% dos puns dos animais. Apesar de não ter cheiro sozinho, o metano fica bastante fedorento quando combinado aos gases produzidos pela digestão.
Por outro lado, alguns gases perigosíssimos não têm cheiro algum. Um deles é o monóxido de carbono (CO), que praticamente não tem odor e é produzido, por exemplo, com a queima de combustível. Daí a razão de não ser aconselhável permanecer com o carro ligado numa garagem fechada: expor-se a altas doses de CO por algum tempo faz com que o sangue reduza a capacidade de carregar oxigênio, podendo até levar à morte por asfixia.
Mesmo que um cheiro ruim demais faça a pessoa se sentir mal, isso não quer dizer que haverá danos à saúde dela, afirma Bartholomay. Vomitar ao sentir um odor nauseante não difere, do ponto de vista médico, de fazê-lo quando se vê algo muito nojento.
As vias respiratórias também não são afetadas só porque o fedor é grande. Bartholomay garante: o único critério para saber se um cheiro ruim faz mal ou não é se os gases que o compõem são tóxicos.